quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Futuro

Silêncio.

Pisa com muito cuidado:
o homem é lobo.
Esqueça congelados, ar-condicionados,
sacos plásticos.
A comida não apodrece
mais em latas e super-mercados.

Escala o Copan abandonado
(Niemeyer não liga)
e sente o vento brincar.
O Itália e o Hilton já não brigam mais;
neles brigam as heras
por um pedaço gostoso de sol.

A fábrica morta e os vermes em polvorosa:

Termina o tempo da pólvora.
Volta o tempo do Mundo.

Um comentário:

Unknown disse...

Caro Poeta,
O elemento sinestésico de sua poesia é visceral, seco, cru. Quando te qualifico como um “animal poético”, estou me referindo ao artista capaz de dominar a mente do leitor com a sutil leveza de uma fera na selva. A delicadeza nos gestos pode ser cruel, mas esse é o verdadeiro poder: esse, aliás, é o poder de sua poesia. Frases curtas que elaboram imagens de uma catástrofe na qual a cidade naufraga. Porém, do seu poema, remanesce a fortíssima sensação de um vasto silêncio, como se, depois da queda, o mundo estivesse em paz, num tempo fora do Tempo. Um tempo fora do Tempo: creio que é nesse tempo que você vive, um tempo que nós podemos somente intuir, mas dificilmente conhecer! Enfim, todos nós temos nossa própria solidão...