segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Soneto da Promessa

Prometo que vou te fazer chorar
de dúvida, decepção e desespero.
Também vou te fazer sangrar
de um jeito ou de outro um.

Lembrando que eu também não sei nadar,
prometo segurar com força na sua mão.
Mas quando for realmente necessário,
pode ser que, me perdoe, eu não esteja lá.

Prometo ainda errar muito sem perceber.
Pensar mal, falar besteira e fazer merda.
Te fazer odiar, mais ainda e com razão, os homens.

Sei que é arriscado, sei o que pode ser perdido.
Sei que é difícil, mas já tentei, tentei e não consigo.
Menina, te desafio: me enfrenta, vem comigo.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Normal

Uns querem teto,
alguns teto salarial.

E isso é normal.

Uns querem justiça
alguns justiça criminal.

E isso é normal.

Uns querem ingresso
alguns congresso nacional.

Uns acham um ultraje,
mas não os de traje formal.

E a gente se lembra que é o Brasil.
E a gente pensa que isso é normal.
E a gente desiste de buscar solução.
E a gente desiste de combater esse mal.
E a gente finge que não é nossa culpa
e varre a história pra baixo do tapete.
E acaba esquecendo de mudar o final.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Umbigo

Todo homem nasce já perigoso.
Atômico.

Desde cedo
a memória
é uma bomba AGÁ:

Nossa arma,
nossa prisão.
Algo empapuçado no papo
Vontade de berrar sapos
Reestraçalhar farrapos.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Superdesafio colaborativo do Fontes

Pepê e seu jeito estranho de fazer as coisas

Parte 1:

Pepê era um garoto quase normal. Ele não era famoso nem tinha superpoderes, não entrava em mundos paralelos por tocas de coelhos e nem recebia corujas convocando-o para escolas de magia. Sim, Pepê era um garoto bem comum, exceto por um detalhe: ele tinha um jeito bem estranho de fazer as coisas. Não que as outras pessoas não façam coisas estranhas - ninguém é lá muito normal nos dias de hoje, não é mesmo? - mas ele conseguia ser mais estranho que todas elas.

Pra ter uma ideia, Pepê come laranja com casca e deixa elas um tempão na boca pra ficar chupando(ele curte pra caramba o amarguinho). Antes que você fique chocado e desista de ler essa história por causa de uma coisa tão sem-noção dessas, já vou avisando: isso é só o começo.

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SUPERDESAFIO COLABORATIVO DO FONTES!

Então, eu comecei a história do Pepê, mas não sei como continuar (isso acontece com bastante frequência, na verdade). Então o abacaxi vai pra vocês, gatos pingados que ficam lendo blogs alheios! É só continuar a história, escrevendo um pouquinho, o que der na telha, e publicar no próprio blog, convidando os outros pra continuar. Vamos ver onde isso vai dar. Provavelmente em lugar nenhum. Ah, o desocupado que fizer isso, não esqueça de comentar aqui que continuou, certinho?

Bem, é isso. Tomara que dê certo, senão eu vou ficar com cara de bobo sem-amigos.

domingo, 16 de agosto de 2009

Então

Juro que
Mas
mesmo

CALA O OLHO

arf.

sábado, 15 de agosto de 2009

Soneto da Mão e da Mentira.

Sentem a pele, afagam os pêlos,
penetram nas roupas e cabelos:
Com tensão e suavidade tamanhas,
Meus dedos enfrentam montanhas.

O reger calado do menino-maestro
com sua mão bem ou mal comportada
quer dizer, bem da verdade, nada.
O dedo é canhoto- o olho é destro.

Quem conhece sabe que muito tento
compreender as razões e as vidas,
mas meu esforço fala com o vento.

Passseiam por melancias e rosas
e tentam entender almas perdidas
Minhas mãos deveras mentirosas.

Madrugada

Quando a hora avança
e o sonho atrasa,
tenho medo.

De madrugada,
entendo porque as pessoas se casam.

De tarde,
entendo porque as pessoas se matam.

Não são nada diferentes,
os horários,
os verbos,
as pessoas.