Chovia. Em um banco de uma praça qualquer em uma cidade igual a todas as outras, chovia.
E nesse banco havia molhado sentado
um homem quieto -silêncio- coitado.
Tão molhado quanto o molhado banco
o homem na chuva lia um livro -mistério- em branco.
E o homem que lia o livro sem nada escrito
(mas que homem no banco -silêncio- esquisito)
De repente olhou pro eterno estranho infinito:
Olhou pro céu e soltou -mistério- um grito!
E com o canto da boca deu uma pequena molhada risada
e foi-se enquanto chegava um poeta de palavra-espada.
E o poeta que passeava quis saber -mistério- qual era a piada.
E o poeta de palavras -espadas- não entendeu
O que o homem gritou com a força de cada pulmão.
O poeta da vida leu o livro. O poeta da palavra, não.