segunda-feira, 16 de junho de 2008

Soneto do silêncio e do mistério.

Chovia. Em um banco de uma praça qualquer em uma cidade igual a todas as outras, chovia.

E nesse banco havia molhado sentado
um homem quieto -silêncio- coitado.
Tão molhado quanto o molhado banco
o homem na chuva lia um livro -mistério- em branco.

E o homem que lia o livro sem nada escrito
(mas que homem no banco -silêncio- esquisito)
De repente olhou pro eterno estranho infinito:
Olhou pro céu e soltou -mistério- um grito!

E com o canto da boca deu uma pequena molhada risada
e foi-se enquanto chegava um poeta de palavra-espada.
E o poeta que passeava quis saber -mistério- qual era a piada.

E o poeta de palavras -espadas- não entendeu
O que o homem gritou com a força de cada pulmão.
O poeta da vida leu o livro. O poeta da palavra, não.

2 comentários:

Fontes disse...

(se alguém souber como eu deixo todos meus posts numa página só, sem o irritante link "postagens mais antigas" que corta o blog em dois, por favor me ensine.)

Lucia Fontes disse...

Fê... sem palavras! Tuas emoções escritas me abalam, me emocionam, me orgulham. "Olha, quem escreveu foi o meu irmão!"

Pessoa disse, naquele poema do navegar é preciso, que viver não é necessário; o que é necessário é criar. Só que sem viver não se cria. Então viva lindamente com essa linda mente que tens! Crie! Viaje! Nunca deixe de sonhar!

Beijo!