terça-feira, 14 de outubro de 2008

Poema sem pensar

Seguindo uma lição nunca aprendida
Venho cá mostrar coração e vida
A todos que não temerem palavras perdidas
Meus pensamentos soltos, livres de revisões e reprimendas.
O que acham, queridos e queridas?

As palavras me fogem por não saber onde se encaixam
Só resta a raiva-vergonha-submissão:

As rimas me prendem.
Me enlaçam. Limite.
E a verdade sai como sempre:
como uma marmota, que sai da toca depois da chuva.
Isso pra quem tem receio de marmotas.
Receio é diferente de medo.
Mas essa é a verdade.

Sou um sapo
Parnasiano aguado.
Pior: sou rato
parnasiano piorado.
Viram?
Eu rimo os termos
cognatos. Ah!

Liberdade interior, aquela que não é azul, vermelha e branca.
Nem é de pedra com o livro a coroa e a tocha que levanta
Acima da coroa.

Eu, que sou eu, e vocês me conhecem, descubro cada dia mais que não o sou.
Sou outra coisa.

E essa coisa não se deixa ser ela mesma
um
segundo
sequer.

5 comentários:

Fontes disse...

Isso foi mais difícil do que parece, senhora.

Renata disse...

e foi o mais bonito que eu já li.

Tulio Bucchioni disse...

que saiam as marmotas!

de receio, estou cheio!

Marina disse...

Imagina se tivesse pensado!

muito muito bom.

fabricio lobel disse...

Fontes, já leu "o tédio" Henrique Hine? Não sei o porquê, mas hoje tive a vontade de ler mais uma vez esse triste texto. Não é nenhuma obra literária, nem lhe recomendo que decore 3 palavras seguidas, mas o texto me lembra uma das coisas que mais me motivam a sentar num canto e rabiscar um papel.
O tédio...o vazio...o silencio q ñ me conforta...a incerteza em relação ao que te sustenta...tudo aquilo que nutre minhas linhas.
Já reparou o quanto você conhece quem te cerca? Eu ainda ñ descobri essa medida de conhecimento.
Onde está a pessoa amada? Está ela naquele ser que você sempre contemplou, conviveu e tocou? Ou ela está nos segredos sem importância, nos detalhes esquecidos? Confesso meu extremo egoísmo. Afinal, quantos segredos eu mantenho? Quantas historias deixo omitidas?... E quer saber se ela me conhece? Sim, ela me conhece mesmo assim. Talvez melhor do que eu possa pensar.
Confuso? Acho que não tentei ser claro.
Parabens aos colegas que têm a coragem de divulgar seus pensamentos tortos, suas feridas íntimas, suas alegrias tolas. Guardo meus devaneios onde só eu possa encontrá-los, culpá-los, admirá-los. Este talvez seja uma exceção. Mas a exceção vem tímida, num comentário de um post que começo a pensar que ñ tinha muita relação com o sentimento que hoje me acordou.
Ah. Mas ninguém lê os comentários.