segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Silêncio

O Silêncio deve encobrir
solos de piano
cantigas pra dormir
quadros surrealistas.
Passeios de bicicleta e
abraços que não dão certo.

O Silêncio deve encobrir
filmes do cinema
e programas da televisão
e coceiras no fundo do ouvido.
Almoços bem comidos,
olhos mágicos da porta de visitas,
ideias repentinas,
mexericas geladas,
fogos de artifício.

O Silêncio deve encobrir
o preto e o branco
a avant-guarde paulistana
o corvo no umbral
a música como um todo
os sonhos de agora
os quatro cavaleiros do apocalipse.

Qualquer pensamento se ajoelha
diante do silêncio,
fotografia do infinito.

Cala.

3 comentários:

Tulio Bucchioni disse...

Gostei. Apesar de odiar o silêncio na maioria das vezes.

Hugo Neto disse...

Senti frio quando li o seu poema: pareceu-me que era vindo do silêncio da morte. Tocou-me e, em silêncio, vou dormir agora, espero, ainda não para sempre (amém)

Anônimo disse...

silêncio: eloquência maior que qualquer verbosidade nervosa