segunda-feira, 1 de outubro de 2012
domingo, 13 de novembro de 2011
Sujo de terra
Soterrados, tesouro de pó,
há na terra de tudo um pouco:
pedra, osso, tempo, sonho,
terra.
Mas entre a sola do pé e o nada
tudo é fundamento.
Se há facas, espinhos,
se caminha por milênios
dança em sepulturas
tudo igualmente chão.
Nem repara,
afundando lentamente no passado
areia movediça ao contrário.
domingo, 23 de outubro de 2011
Amor morto
brisa,
pasto,
colina.
nada tão sereno como um amor morto.
sofá areioso, quieto,
nem quente, nem frio,
nem morno.
um jardim de epicuro,
um alívio como perdão
sem crime nenhum.
tão morto que quase se desapercebe;
enterrado na poeira de todo dia,
não vale o trabalho do esquecer.
nem lágrima,
nem cuspe,
nem um suspiro.
um poema seria à toa.
sexta-feira, 3 de junho de 2011
Nariz
Testas se multiplicam de surpresa, de raiva, de pensamentos zap de milhão de poetas
Pelo queixo passeia a lesma cachaça recém fugida da garrafa, escapada do gole da careta
Ouvidos ouvem música
Olhos de ressaca
boca;
abre-alas de um carnaval ridículo,
vadia inconveniente coragem
inútil coragem
da ponta do nariz;
do nariz, não é a ponta que respira, espirra, catarra,
não é lá que os pés dos óculos deitam
é mais pra cima
e a coceira vem sempre por dentro.
Inútil ponta de nariz,
passa vinte, trinta anos fechada
vitrine da loja-cara
brinquedo na caixa.
nada;
A ponta de nariz só tem sua hora e vez
depois de esgotada toda a diplomacia;
depois dos olhos deitarem no corpo dengoso proibido
da boca beber e dizer besteiras
depois das bochechas vermelhas traírem
a testa que tenta esconder pensamentos;
da língua arrumar uma baita confusão
vez do nariz.
vadia inconveniente coragem
inútil coragem
coragem;
Nessas coisas grandes e bobas de touros e homens
voa justo punho procurando alvo, pescando honra;
quem peita e aguenta, sem música ou poema
sujeito homem respirando sangue, coragem
ponta de nariz.
terça-feira, 17 de maio de 2011
Pai
Fizeste um bom trabalho
de pai.
Me ensinaste a crescer infante,
me mostraste como ser grande.
Fizeste um bom trabalho
de pai.
e agora meus sentimentos,
meus piores momentos,
guardo todos cá dentro,
como bem ensinaste,
meu pai.
Pai,
Agora já sou crescido, não mais preciso
de pai.
de lágrimas.
Mas isto esqueceste,
Entendi que não choramos lágrimas
nem sangue nem pedras nem águas
Choramos, pois, palavras, choramos piadas,
deixando uma gota, em cada ação.
Um pranto de carinho contido
e todo um canto malvisto
Chorado paternamente,
sem nunca perder o silêncio
de pai.
Fizeste um bom trabalho
de pai.
segunda-feira, 25 de abril de 2011
Fome
que nem sei se existe,
me disse-que-disse que tem
uma gente que tem fome.
Num povoado sem povo quase nenhum
Cidadezinha coisa-pouca Apicuiaiaiá
Cheia de vogais ais
que desabam melhor na boca vazia
de uma gente que tem fome.
Fome de furar a barriga por dentro,
de revirar e esvaziar a alma,
fome de desentender o mundo.
Fome cinza, fome seca, fome pedra.
Pra esquecer da fome
não tem tempero.
Pra temperar a fome,
só o desespero.
Pra matar a fome,
me disseram,
ela mata primeiro.
Segura
to na área
derrubou é penalti!
Segue caminho reto
Reto
Reto
Reto
Reto
Reto
De repente curva
Curva
Curva
Curva!
Dentre mortos e feridos,
ninguém sabe contar a história.
domingo, 8 de agosto de 2010
Cosmo
pretos, ásios, ricos.
Na madrugada
pesam, arfam.
A gravidade é coisa humana.
Não a massa que atrai a maçã,
sim o humano corpo que atrai o peso,
que trai a Newton e a Febo.
O castigo para os ombros
do pai de Atlântida
é o mesmo para todos:
Sufocar-se a cada dia
um pouco mais,
um pouco mais.
Desespero não é
a ausência de ar -
ar fabrica-se.
A ausência de peito.
quarta-feira, 5 de maio de 2010
Procissão
apaguem as luzes,
façam silêncio!
A procissão caminha.
Observem por frestas
com medo e respeito (medo)
a caminhada dos mortos.
A procissão passa.
Com jovens e velhos
e mães e crianças,
fantasmas da carne.
A procissão passeia.
Negro cardume de olhos
negros, mantos negros
e corações cinzentos.
A procissão segue.
Sufocados pela culpa,
procurando estigmas,
seus punhos se erguem.
A procissão avança.
Por vielas e becos,
cruzam a passos mortos
os portões Dantescos.
A procissão marcha.
Esmolas à Caronte,
os demônios-homens
somem no horizonte.
A procissão foi-se.
sexta-feira, 23 de abril de 2010
Continuação
O contra, o encontro, a contração
A era, o eros, a erosão
A fera, a fúria, o furacão
O como, o cosmo, a comunhão
A comunhão...
O pré, a prece, a procissão
O pós, o póstumo, a possessão
A cor, a corte, a curtição
Amor, a morte, a continuação
A continuação...
- Lenine
Voltamos.
sábado, 23 de janeiro de 2010
Ganhei um concurso!
Olha aqui: http://www.apocalipsemotorizado.net/2010/01/18/de-bicicleta/
domingo, 13 de dezembro de 2009
Parceiro!
Se você tem 5 min, gaste com o blog e flickr dele. Vale a pena, sério mesmo. O cara manda bem, no traço e nas ideias.
Abraço, parceiro!
Sol
que nunca aprenderam xadrez
que nunca gostaram de damas
e que cansaram dos dominós
descobrem outro passatempo.
O primeiro, dos tempos da boêmia,
pulava e cantava, das festas alegria!
A conta das namoradas já não fazia,
até já tinha lutado pela democracia
e sido jogador de futebol.
Era o rei do pôr-do-Sol.
O segundo era pescador de respeito
fã duma pinga e farofa, bom sujeito.
Acordava de madrugada satisfeito
com a latinha de cerveja no peito
isca, vareta de pescar e anzol.
Era o rei do nascer-do-Sol.
E como teimosia vem com a idade,
levando jeito de não haver empate
estava assim declarado o combate.
Os dois decidiram por unanimidade
provar um ao outro com toda a certeza
o momento do dia de maior beleza.
O boêmio falava com certa razão
do céu todo em laranja-explosão
sobre vermelhos de sangue e paixão
e sobre a noite prometendo ilusão.
e o tempo ventou e o sol desceu e sumiu
estrelas brigando guerras do passado,
quarta-feira, 25 de novembro de 2009
Soneto em duas rodas
que só consegue ouvir quem está molhado.
É pra se ter de ouvido:
"Você tá vivo, menino!"
Chame a chuva pra chinfra; vem a chuva,
e o cheiro de chuva em chamas chamusca.
Chove em Quixotes
uma chuva-chicote.
Montados em suas magrelas
tratadas como donzelas
encontramos seres humanos.
Cicloquixotes que chovem sozinhos
enfrentando gigantes-moinhos
voando ligeiro, anjos urbanos.
segunda-feira, 16 de novembro de 2009
Sanidade
Não há nada de belo numa forca de luxo.
Gravata é coisa de fuga compulsória,
câncer do mundo para a geração saúde.
Sorte que o caminho já está dado:
Basta não usá-la nos fins de semana,
adorar árvores e gostar de música.
Ter bons amigos, dar risada,
andar descalço, escrever poesia.
Mas as gravatas continuam existindo
mesmo fora do peito, dentro da fuga.
Todas as nossas loucuras inofensivas
são a pura redenção de nossa culpa.
Confessa.
quarta-feira, 28 de outubro de 2009
Saudade
chute de trivela,
piscada de zap,
chororô escondido,
sorriso no escanteio do rosto.
Safadezas brasileirando pelos cantinhos da terra-mãe.
Maior que o capoeirão-rão-rão lá de cima,
gol do Pelé do meio de campo que quase foi,
bunda morena na propaganda de cerveja:
Brasileiro sente orgulho mesmo duma palavra
que já derramou mais água que as de Iguaçu
e o Amazonas, Velho Chico e o da Prata.
E o povo faz tempo já decidiu
que ordem e progresso é o escambau.
No meio da colorida bandeira nacional,
Mas essa palavra macunaímica
também tem seu lado safado:
Rosa ensina
que toda Saudade é uma espécie de velhice,
flertando com o próprio esquecimento.
Assim, nossa própria natureza nos proíbe
de sentir nosso próprio sentimento.
Uma palavra sem futuro é confortável.
Não dá trabalho.
Esqueça.
terça-feira, 27 de outubro de 2009
Santidade
que as coisas são assim mesmo
e que Santos Dumont inventou o avião
e voou pela primeira vez no céu do Brasil.
Teimoso, é outro meu inventor:
Santo Drummond inventou meu avião
ricocheteando no ar prosas e versos.
Nunca mais fiz as pazes com o chão.
Voa.
segunda-feira, 19 de outubro de 2009
Silêncio
solos de piano
cantigas pra dormir
quadros surrealistas.
Passeios de bicicleta e
abraços que não dão certo.
O Silêncio deve encobrir
filmes do cinema
e programas da televisão
e coceiras no fundo do ouvido.
Almoços bem comidos,
olhos mágicos da porta de visitas,
ideias repentinas,
mexericas geladas,
fogos de artifício.
O Silêncio deve encobrir
o preto e o branco
a avant-guarde paulistana
o corvo no umbral
a música como um todo
os sonhos de agora
os quatro cavaleiros do apocalipse.
Qualquer pensamento se ajoelha
diante do silêncio,
fotografia do infinito.
Cala.
Sangue
aparece discreto e majestoso,
herói surgido da sombra.
Choca, esquenta, impressiona.
Lembra dele mesmo,
de nós mesmos, de todos os outros,
energia pura e suja
dos braços do mundo.
Somos todos contradição enclausurada.
Chuva de verão púrpura,
corre saúva nos túneis de barro e pecado,
escapa brilhorgulhoso,
armadurece sóbrio,
Sangra.
terça-feira, 6 de outubro de 2009
sábado, 3 de outubro de 2009
segunda-feira, 7 de setembro de 2009
Dia de mudança
A casa ainda estava cheia de coisas: mamãe gritando ordens por todos os lados, com aquela urgência materna totalmente desnecessária. As mães nunca percebem que não importa o quanto você se adiante ou se esforce pra fazer as coisas, elas só ficam prontas quando querem. As minhas coisas, por exemplo, nem adianta insistir: só ficam prontas dois minutos depois da última hora.
Outro dia mesmo, terça-feira se não me engano, precisava dar um presente pro meu tamanduá quando júpiter alinhasse com saturno, sem falta. É claro, pesquisei vários tipos de formigas, passei a tarde catando saúvas, tanajuras e caiapós. Tentei achar cupinzeiros também, mas eles estavam em falta, o moço da loja falou que só chegavam semana que vem. Acontece que depois de horas, tudo que eu tinha conseguido eram muitas picadas e algumas amigas (fiquei um tempão conversando com duas tanajuras engraçadissímas, mas isso é outra história). Imagine o meu desespero quando a última hora chegou e eu não tinha conseguido nada! E vocês sabem como é a última hora, toda nervosa, sempre falando depressa e esbugalhando os olhos pretos detrás daqueles óculos. Sorte que eu me dou bem com ela, somos amigos!
Bem, mas aí chegou a última hora, junto com meu tamanduá. E eles já estavam alinhados! (os planetas, não meu tamanduá e a dona última - esta eu nunca vi alinhada com ninguém). Mas aí passaram dois minutos, e batata: me empetequei, botei o chapéu de lado e recitei bem alto:
Meu querido amigo senhor tamanduá-bandeira,
Me desculpe por esses versinhos de brincadeira
Mas são o que eu tenho, e você vai ter que se virar
Porque são do coração, e não há melhor lugar!
Queria te dar de todos o melhor presente
Queria te fazer dar cambalhotas de contente
Queria te demonstrar todo o meu afeto
Queria te dar de todos o melhor inseto!
Hoje passei o dia procurando formiga e cupim
Mas o que parecia fácil não se mostrou tanto assim!
Não encontrei nada deligostoso ou suculento
Falhei na minha tarefa, e por isso eu lamento!
E agora você não pode mais encher a pança
Mas em troca, lhe ofereço essa lembrança!
E dei um beijo no meu amigo tamanduá. Foi esquisito, mas ele gostou muito. Deu até uma cambalhota de contente. E isso é só um exemplo de como as coisas só ficam prontas quando elas querem.
Mas bem, era dia de mudança. E, segundo o título, essa história é sobre o dia de mudança, e não sobre o que eu fiz terça-feira.
Bem, esse dia eu passei inteiro empacotando, encaixotando, empilhando, arrumando, e vários outros verbos no gerúndio também. Foi divertido até arrumar as caixas: coloquei o armário, as portas, meu cachorro Tobias, o pó de café, o oito, o Q, o T, meus livros de contos, meu fígado e o tédio na caixa das coisas marrons. O 8 não gostou muito do aperto, você sabe como ele é, todo orgulhoso. Gostei de arrumar a caixa das coisas lindas. Botei um barco a vela, uma risada molhada na chuva, um ipê roxo bem grande, a Arte e todas as mulheres do mundo. Deixei um lugarzinho especial pra minha namorada. Pensei em colocar o céu, mas preferi levar na mão mesmo.
Fui encaixotando tudo: tinha a caixa das coisas duras, das coisas que me fazem cócegas por dentro, das coisas incrivelmente complicadas, caixa das cores, caixa das dores, caixa dos amores. Caixa das rimas baratas. Caixa das coisas grandes, caixa das coisas pequenas. Caixas dos sentimentos, caixa dos medos. Gostei muito de organizar a caixa dos sonhos, foi bem colorido. Ela foi direto pra dentro da caixa das ideias, que só não era a maior caixa de todas porque eu não sou tão inteligente assim. Eu fiquei um tempão pra organizar a caixa das coisas perdidas, mas não sei onde ela foi parar.
Já era de tarde quando eu acabei de guardar o poema aí de cima na caixa das coisas da última hora. Aí eu deixei ela separada das outras pra dar pra verdadeira dona quando ela chegar. Obviamente deixei a caixa aberta, já que com certeza teria que por mais coisas dentro até a proprietária aparecer. Na verdade, teria que fechar a caixa dois minutos depois da dona ter levado a caixa embora, o que seria um problema. Bem, deixo pra pensar nisso dois minutos depois.
E aí, quando eu menos esperava, já tinha empacotado tudo. Menos eu mesmo, já que alguém tinha que ficar de fora, o céu, que eu queria levar na mão, e o tempo, pras coisas não acontecerem todas de uma vez. Só precisava chegar o caminhão da mudança.
Não, eu não empacotei o caminhão da mudança. Quase certeza que não.
E bem, como vocês já devem saber nessa altura, o caminhão só ia chegar dois minutos depois da última hora. Agora era só esperar.
Então eu esperei.
E esperei.
E esperei.
(hum, ele deve estar perto agora)
E esperei.
(provavelmente deve estar preso no trânsito)
(será que aconteceu alguma coisa?)
E esperei.
Aí, lá longepertodentroforaemcimaembaixoatrásnafrenteedolado (eu tinha guardado o espaço na caixa das coisas grandes), chegou dona última hora. Ufa, já estava ficando preocupado. Ela pegou a caixa dela e foi embora sem dizer nada (a comunicação estava bem guardada na caixa das coisas incrivelmente complicadas). Agora era só esperar mais dois minutinhos, e pronto! O caminhão ia chegar e eu poderia finalmente me mudar. É bacana, esse caminhão de mudança. Deveriam existir mais por aí. Mas então eu esperei: um minuto, um minuto e meio, um minuto e 58, 59...
DOIS MINUTOS...
Dois minutos e um segundo, dois, três segundos, e nada, em lugar nenhum. Mas hein?! E o caminhão da mudança?! (2 min e 10s) Era pra ele já ter chegado, com certeza absoluta, era pra ele ter chegado já. Passaram dois minutos da última hora, era pra ele ter acontecido sem sombra de dúvida, não é assim que as coisas fazem? Realmente, DEVE ter acontecido alguma coisa. E eu já precisava ter mudado. É muito importante mudar de vez em sempre, senão você acaba parado. Aí todo mundo te ultrapassa e você fica sozinho, porque todo mundo se muda uma hora ou outra. Tem gente que até gosta da solidão, do espaço, essas coisas. Mas a solidão nunca vale a pena se você não tem ninguém pra ficar sozinho com você, pode confiar em mim. E por isso ninguém quer ficar parado! Eu não, pelo menos, nananinanão, de jeito nenhum. Eu tenho que mudar, eu preciso mudar! Eu QUERO mudar! (3 minutos e 50). Aí tchum, caiu a ficha - percebi que o caminhão da mudança não ia chegar nunca, que besteira a minha! Não existe caminhão de mudança. A mudança não vem num caminhão gordo feio e fedido. Não faz o menor sentido esperar a mudança!
Aí eu abri a caixa das coisas divertidas, peguei minha bicicleta azul e saí pedalando, dois minutos depois de dois minutos depois da última hora. Me mudei eu mesmo, como eu aprendi que é o único jeito de mudar. Meu endereço?
Não sei assim de cabeça não. Mas se você quiser, é só mudar também que a gente vira vizinho!
segunda-feira, 31 de agosto de 2009
Soneto da Promessa
de dúvida, decepção e desespero.
Também vou te fazer sangrar
de um jeito ou de outro um.
Lembrando que eu também não sei nadar,
prometo segurar com força na sua mão.
Mas quando for realmente necessário,
pode ser que, me perdoe, eu não esteja lá.
Prometo ainda errar muito sem perceber.
Pensar mal, falar besteira e fazer merda.
Te fazer odiar, mais ainda e com razão, os homens.
Sei que é arriscado, sei o que pode ser perdido.
Sei que é difícil, mas já tentei, tentei e não consigo.
Menina, te desafio: me enfrenta, vem comigo.
terça-feira, 25 de agosto de 2009
Normal
alguns teto salarial.
E isso é normal.
Uns querem justiça
alguns justiça criminal.
E isso é normal.
Uns querem ingresso
alguns congresso nacional.
Uns acham um ultraje,
mas não os de traje formal.
E a gente se lembra que é o Brasil.
E a gente pensa que isso é normal.
E a gente desiste de buscar solução.
E a gente desiste de combater esse mal.
E a gente finge que não é nossa culpa
e varre a história pra baixo do tapete.
E acaba esquecendo de mudar o final.
quarta-feira, 19 de agosto de 2009
Umbigo
Atômico.
Desde cedo
a memória
é uma bomba AGÁ:
Nossa arma,
nossa prisão.
terça-feira, 18 de agosto de 2009
Superdesafio colaborativo do Fontes
Parte 1:
Pepê era um garoto quase normal. Ele não era famoso nem tinha superpoderes, não entrava em mundos paralelos por tocas de coelhos e nem recebia corujas convocando-o para escolas de magia. Sim, Pepê era um garoto bem comum, exceto por um detalhe: ele tinha um jeito bem estranho de fazer as coisas. Não que as outras pessoas não façam coisas estranhas - ninguém é lá muito normal nos dias de hoje, não é mesmo? - mas ele conseguia ser mais estranho que todas elas.
Pra ter uma ideia, Pepê come laranja com casca e deixa elas um tempão na boca pra ficar chupando(ele curte pra caramba o amarguinho). Antes que você fique chocado e desista de ler essa história por causa de uma coisa tão sem-noção dessas, já vou avisando: isso é só o começo.
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SUPERDESAFIO COLABORATIVO DO FONTES!
Então, eu comecei a história do Pepê, mas não sei como continuar (isso acontece com bastante frequência, na verdade). Então o abacaxi vai pra vocês, gatos pingados que ficam lendo blogs alheios! É só continuar a história, escrevendo um pouquinho, o que der na telha, e publicar no próprio blog, convidando os outros pra continuar. Vamos ver onde isso vai dar. Provavelmente em lugar nenhum. Ah, o desocupado que fizer isso, não esqueça de comentar aqui que continuou, certinho?
Bem, é isso. Tomara que dê certo, senão eu vou ficar com cara de bobo sem-amigos.
domingo, 16 de agosto de 2009
sábado, 15 de agosto de 2009
Soneto da Mão e da Mentira.
penetram nas roupas e cabelos:
Com tensão e suavidade tamanhas,
Meus dedos enfrentam montanhas.
O reger calado do menino-maestro
com sua mão bem ou mal comportada
quer dizer, bem da verdade, nada.
O dedo é canhoto- o olho é destro.
Quem conhece sabe que muito tento
compreender as razões e as vidas,
mas meu esforço fala com o vento.
Passseiam por melancias e rosas
e tentam entender almas perdidas
Minhas mãos deveras mentirosas.
Madrugada
e o sonho atrasa,
tenho medo.
De madrugada,
entendo porque as pessoas se casam.
De tarde,
entendo porque as pessoas se matam.
Não são nada diferentes,
os horários,
os verbos,
as pessoas.
quinta-feira, 9 de julho de 2009
Torto
O caminho certo
é sempre o caminho torto
quando o caminho reto
é o caminho porco
Fuja dos caminhos totalitários
que precisam fazer sentido.
Fuja dos caminhos dos otários
que acreditam sem ter visto.
Fuja do caminho que precisa ser mostrado
porque quem sempre faz sentido é soldado.
Prefiro ser professor de mim mesmo,
aluno malcriado dos outros e
funcionário do Universo.
agindotorto.blogspot.com
Cada centímetro, cada linha é um mundo novo.
Um mundo torto.
Bem-vindo.
3:14 da tarde.
Seres
verdes-esmeraldas e amarelos-manga
anti-nacionais.
Nossos pensamentos são esculturas de rocha nas praias de sonho;
navalhas de suicidas e teimosias de menina.
E descobrimos que somos todos iguais na dúvida
e no desespero.
Todos sonham com o pó das estrelas,
todos se divertem com o tempo ido.
E esperam o futuro como a um bonde
e esquecem que ele não para pro passageiro.
É preciso aprender a saltar.
Considerar-se diferente é direito de nenhum.
Querubim
brinca de esconde-esconde
com seus preconceitos e racionalidades
frivulidades.
Não se engane:
A inocência do Querubim
vem da falta de mal,
não da falta de reflexão.
A beleza angelical
canta a ruína do mundo.
terça-feira, 19 de maio de 2009
Dinossauro
A esmola agrada mais o
rico do que o mendigo;
O gozo do outro dentro de nós é nosso.
O sono dos bem-afortunados
é velado pelos seus dependentes.
Seus escravos.
Flores
que damos para quem gostamos.
Uma buceta rosada para nossas mães num almoço de Maio.
Um buquê de bucetas para a vovó em seu aniversário.
Um vasinho solene de bucetas coloridas no túmulo querido.
E de vez em quando um mimo
para as meninas que queremos.
Deixe as flores onde estão.
Deixe as abelhas,
voyeurs do mundo vegetal,
se esbaldarem no sêmen,
trazerem o pólen,
e fazerem,
fre-ne-ti-ca-men-te,
o sexo.
E nessa orgia de campos floridos
e olores eróticos, descobrimos
que Sade estava
-quase-
certo.
segunda-feira, 18 de maio de 2009
In Memoriam
A lembrança esvazia.
A lembrança assassina
a lembrança que existia.
Olhar pra trás dá torcicolo.
Meus pensamentos, meus sentimentos,
meus e maus momentos;
guardo todos muitíssimo bem,
livres, na minha amnésia.
sexta-feira, 15 de maio de 2009
Aevum Vita
Se amas a sombra, amas a morte.
Pensa que as estrelas são puras?
Não há magia em corpos
Que podem ter morrido há eras
que estão mais longe que o infinito.
Se queres molhar os olhos
e alimentar os sonhos,
presta atenção ao dia:
O sol, as nuvens,
A Vida.
segunda-feira, 11 de maio de 2009
Aranha
mora uma aranha
dentro do meu chapéu.
(chapéu de tweed comprado
na rua do seminário)
Sempre que posso,
pego esses mosquitinhos,
que de tão miúdos
quase não existem.
Sua pequenez me dá
o direito de matá-los.
(Assim age Deus com os homens)
São um banquete para minha amiga.
De vez em quando,
ela escorre uma teia até
o meu ouvido,
tomando cuidado para não se emaranhar
nos meus cabelos emaranhados.
(Meus cabelos morrem de ciúmes)
E no meu ouvido,
me conta histórias divertidas
e piadas aracnídeas
que não entendo.
E às vezes versos de oito patas
como esse daqui:
Quer pouco: terás tudo.
Quer nada: serás livre.
O mesmo amor que tenham
por nós, quer-nos, oprime-nos.*
quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009
Pessoa
Também não é preciso viver, nem
ser feliz.
É preciso rasgar os homens,
Ou eles rasgam o mundo.
Futuro
Pisa com muito cuidado:
o homem é lobo.
Esqueça congelados, ar-condicionados,
sacos plásticos.
A comida não apodrece
mais em latas e super-mercados.
Escala o Copan abandonado
(Niemeyer não liga)
e sente o vento brincar.
O Itália e o Hilton já não brigam mais;
neles brigam as heras
por um pedaço gostoso de sol.
A fábrica morta e os vermes em polvorosa:
Termina o tempo da pólvora.
Volta o tempo do Mundo.
Campos do Jordão
o vento tenta falar francês
sem conseguir.
Adultos fantasiados de crianças
fingem que entendem.
Entre a rua Arrogância
e a praça da falsidade
O prédio da prefeitura não percebe
que Campos seria uma
cidade linda,
parasse de tentar ser uma.
Numa casa nas montanhas,
perto da lareira,
as pessoas se mostram inocentes
onde a inocência é proibida.
CPI1518
me seqüestra:
Devo amar Drummond
Baudelaire Bandeira Bilac
Machado Borges Rosa.
É preciso apreciar Fellini
admirar Glauber
louvar Bergman.
E ouvir com os dois
ouvidos todas as músicas
do mundo.
Me submeto com tola humildade.
Mas a arte desse Homem
é falsa. (de plástico)
Escolho desobedecer os homens
e confiar na natureza.
Drummond
de tempo de guerra:
Sua pena
é tapa na cara;
soco na boca do bucho;
boi bravo;
bomba.
Se tratando de
poesia,
minha grande responsabilidade
é, com gosto,
tomar muita porrada.
Enquanto isso,
o tempo de guerra
finge que dorme.
quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009
Gato e rato
Primeiro eu pergunto.
Depressão.
Depois eu respondo.
Júbilo.
E pergunto outra coisa.
Só me falta uma resposta.
sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009
Você não é especial
................desejos
................momentos
................medos
................amigos
Suas...........paixões............não são especiais.
................ideias
................esperanças
................crenças
................vidas
Nós somos a merda radioativa
precocemente ejaculada
de tetas gordas
e gananciosas.
Você não é especial.
quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009
Reforma ortográfica
já passou.
As exclamações
acabaram no
tempo partido
de Drummond.
O travessão não
existe mais.
Reticências é coisa
de era um vez.
Até a interrogação
já partiu pra outra.
A pontuação, desiludida,
entregou os pontos.
O homem chegará,
breve,
num ponto
final
.
domingo, 1 de fevereiro de 2009
segunda-feira, 19 de janeiro de 2009
Fontes passo-a-passo: prólogo
Tenham paciência.
Testamento imaterial
Saibam que vou feliz. Amei todas as pessoas intensamente. Já vi pessoas gordas e magras, altas e baixas, narizes de todos os formatos e tamanhos. Até pessoa sem nariz eu já vi. Mas nunca vi uma pessoa feia na minha vida inteira.
O que importa são as almas.
Observem mais o céu. Subam em árvores. Tenham consciência da natureza. Cresçam com ela. Conversem, se relacionem. Abraçem, beijem e façam sexo intensamente, quando der na telha, com qualquer pessoa. Esqueçam príncipes e princesas, destinos gloriosos e finais felizes. Leiam Epicuro.
Não tenham vergonha do seu corpo, nem das suas idéias.
Não tenham nojo de nada, principalmente de outras pessoas.
Não tenham medo. O mundo não dá certo por causa dele.
Pronto. Agora sou mais livre: a morte não me acorrenta.
O pensamento (re?)nasceu.
Não volto das cinzas,
mas passei pelo fogo.
Não sou fênix.
Sou um soldado do novo mundo.
Vivo Zumbi.
Meus dentes rasgarão as tripas
fétidas
do medo, da soberba e da ignorância.
terça-feira, 16 de dezembro de 2008
para José
Tudo nessa vida entorta
e você se entorta por tudo
Nessa porra dessa vida torta.
Entorta e se vira e tenta e se fode todo.
Zé. Tonto, tosco, troco. Tenta, tonto, torce, tomba. Entorta, Zé.
Coração é mole e tudo é frágil:
Ele enfraquece, tudo esfarela;
numa fraqueza que foi fácil
Fica a ferida fodida pro infinito.
Zé. Fraco, fresco, frágil. Enfrenta, forja, força, enforca. Se esforça mais, Zé.
Vê? Vale a pena viver
se você mesmo se esvai,
violência que ninguém vê?
Vê? De quem é a vitória?
Zé. Vil, volátil, vivo? Vem, vê e sê vencido. Não fica cego, Zé.
Um erro que é coisa de rato
corrói tudo que restava.
Raiva! Rente rastejo
e relembro seu rosto.
Zé. Não se arrisca. Não erra mais, Zé.
Conto agora a culpa:
Culpo minha cara,
canto meu já carcomido
coração e me culpo.
Zé. Escute cá um conselho: não erra nunca, Zé.
Mas a morte já mandada,
irmã macabra e medonha
mente e marca minha alma.
Eu mudei! Mas muda nada.
Zé. Ama menos e morre menos, a cada amor morrido.
Zé. Não escuta os bobos que dizem
que mais vale perder um amor
do que nunca ter amado.
Se desconfia, experimenta, Zé.
segunda-feira, 15 de dezembro de 2008
Ai que felicidade!
Bem, talvez desconfiem agora.
Ai que tristeza!
domingo, 14 de dezembro de 2008
Vida de jardim
Em que os cachorros encoleirados
Passeiam e cagam, todos eufóricos
com o dono atrás, nariz empinado
no bairro tranqüilo, em casas e árvores.
mas com uma casa e umas árvores
canto um tanto quanto especiais
Não por maiores ou mais modernosas
mas mais por singelas as flores mortais
Como as outras, vivas-
Penico. Cacete, escrever em versos decassílabos é difícil demais.
quarta-feira, 10 de dezembro de 2008
War
É assim que eu jogo War.
Quem me dera viver fosse tão fácil quanto dominar o mundo.
segunda-feira, 8 de dezembro de 2008
quarta-feira, 3 de dezembro de 2008
Imbróglio expataqüável de convicções intraencefálicas
Economia-arte, futebol-arte.
A arte de eficientemente maximizar a produção interna humana da empresa fazendo pausas de exatos 5 minutos regularmente a cada 2 horas e um churrasco de fim de ano.
Os novos capatazes, RH-arte.
A gente agüenta, faz parte.
A Arte da Guerra,
a guerra da arte:
Computadores fazem arte.
Artistas fazem dinheiro.
Toda essa arte me cansa os olhos
e me dá uma artrite danada.
Meu meio é mensagem,
minha meta é metáfora
meu sentido, sentimento.
Meu jogo,
Enigma.
segunda-feira, 24 de novembro de 2008
Viva Laerte!
Laerte começou fazendo tiras geniais – suas histórias antecipam “O Show de Truman” de Peter Weir, com Jim Carrey, (veja em “Laerte: Histórias Repentinas”) e, para usar o clichê “machadiano” (não que Machado de Assis falasse isso, mas a explicação que todos dão para a pequena repercussão global dos seus escritos), se escrevesse em uma língua mais falada mundialmente, seria seguramente reconhecido e louvado no planeta inteiro.
Hoje, Laerte abandonou os Piratas do Tiête e o Overman (meu favorito) e está fazendo um troço completamente novo – eu chamaria (pretensiosamente) de “poesia gráfica”, na falta de nome melhor.
O Manual do Minotauro é o melhor exemplo disso.
Vai o link:
http://manualdominotauro.blogspot.com/
Pouca gente merece o título de gênio. Laerte é um dos poucos que faz justiça ao título.
Para quem acha que “quadrinhos” é um gênero menor, leia Laerte.
Isso foi um comentário no blog do Laerte, que eu achava que o cara tinha dado um ctrl-c crtl-v de algum lugar, já que é estranho passar o link do blog num comentário do próprio blog. Mas joguei no google e não achei a origem em lugar nenhum. Reflete bem o que eu acho desse artista brasileiro.
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momento twitter: Nossa, essa semana vai ser um inferno!
terça-feira, 11 de novembro de 2008
segunda-feira, 27 de outubro de 2008
Podre Pranto
Mas machucam.
O arco-íris já é preto
e branco
Tudo já não é a mesma coisa.
Meu dentro é podre.
E pranto.
terça-feira, 14 de outubro de 2008
Poema sem pensar
Venho cá mostrar coração e vida
A todos que não temerem palavras perdidas
Meus pensamentos soltos, livres de revisões e reprimendas.
O que acham, queridos e queridas?
As palavras me fogem por não saber onde se encaixam
Só resta a raiva-vergonha-submissão:
As rimas me prendem.
Me enlaçam. Limite.
E a verdade sai como sempre:
como uma marmota, que sai da toca depois da chuva.
Isso pra quem tem receio de marmotas.
Receio é diferente de medo.
Mas essa é a verdade.
Sou um sapo
Parnasiano aguado.
Pior: sou rato
parnasiano piorado.
Viram?
Eu rimo os termos
cognatos. Ah!
Liberdade interior, aquela que não é azul, vermelha e branca.
Nem é de pedra com o livro a coroa e a tocha que levanta
Acima da coroa.
Eu, que sou eu, e vocês me conhecem, descubro cada dia mais que não o sou.
Sou outra coisa.
E essa coisa não se deixa ser ela mesma
um
segundo
sequer.
quarta-feira, 8 de outubro de 2008
segunda-feira, 29 de setembro de 2008
Castelo
É hipocrisia.
quarta-feira, 24 de setembro de 2008
Tédio do Mesmo
Caí num poço de certezas, e esse lodo da costância me sufoca. Meu maior desejo é ser mutante.
3 coisas
guarda-chuva;
marchas de bicicleta;
coração de menina.
terça-feira, 23 de setembro de 2008
segunda-feira, 15 de setembro de 2008
Cartola
Uma delícia que vocês não imaginam. Tem gosto de Recife velho, bem Amarelo-manga.
terça-feira, 9 de setembro de 2008
quarta-feira, 3 de setembro de 2008
Olhar e andar
Mas vamos lá. Primeiro a brincadeira do olhar. É assim: sempre que você estiver parado com pessoas em volta (no ponto de ônibus pra ir pra usp, no onibus pra usp, na usp...) você tem que ficar passeando com os olhos até encontrar os olhos de alguém. Quando acontece o contato visual, aí que o negócio pega fogo. Você só pode tirar os olhos da pessoa depois que ela desviar o olhar. É um jogo pra ver quem tem mais e menos vergonha ( é também um treinamento, porque você vai melhorando). Quando você ganha, você dá um sorrisinho e vai fazer outra coisa. Se você perde, você fica triste e envergonhado. É legal!
O outro jogo é o de andar, e é bem fácil: sempre que você tiver uma caminho reto pra andar e com poucos obstáculos, como uma calçada deserta, você tem que fechar os olhos bem forte e ir andando reto. É um teste de coragem. Comece dando uns 10 passos de olhos fechados. Depois vai pra 20, e assim em diante. Meu recorde foram uns 50, mas eu ainda acho pouco. Quando eu conseguir dar 100 passos eu venho aqui contar pra vocês!
São essas as brincadeiras que eu brinco. Brinco de andar pra ter mais coragem e de olhar pra ter menos vergonha. Vocês deviam tentar.
quinta-feira, 28 de agosto de 2008
terça-feira, 5 de agosto de 2008
Tempo!
Estou me forçando cada vez mais a escrever. As coisas não estão saindo com naturalidade, e estão saindo medíocres e ruins.
Quando eu voltar a ter alguma coisa a dizer eu volto. Talvez nem demore tanto.
Enquanto isso, comam pêras d'água, troquem miúdos e tomem algumas doses. De palavras.
quinta-feira, 31 de julho de 2008
Memória
As pernas tremiam.
Os braços tremiam.
As idéias tremiam.
Mas logo o susto passa, e o bondinho da memória passeia,
e passa também por anos passados,
por passagens.
O vento bate, a perna treme, a memória brinca.
Um cheiro indiscutível de liberdade.
Assim foi andar de bicicleta hoje de manhã, depois de alguns anos de pé no chão.
segunda-feira, 28 de julho de 2008
terça-feira, 22 de julho de 2008
sexta-feira, 18 de julho de 2008
"Lenin, levanta de teu túmulo pois eles estão ficando malucos!"
Achei engraçadinha e bem pertinente.
sexta-feira, 11 de julho de 2008
O outro lado
Os criadores conseguiram, apenas com as funções do jogo e sem dar voz nenhuma ao personagem (apenas alguns grunhidos) formar uma personalidade extremamente humana, tão complexa quanto a minha e a sua. Pode-se perceber o desespero, a solidão a incompreensão de se viver num mundo vazio, e, enquanto ninguém joga, sem propósito.
Me fez pensar um pouco sobre toda essa vida virtual. O que acontece quando desligamos o video game ou computador? será que acaba tudo? será que o mal vence? E o que será que os personagens lá de dentro pensam? Como será viver num mundo fechado, onde só se faz o que te mandam, e não se pode ir a lugar algum que não foi criptografado? Como seria estar "do outro lado do muro"?
Muitas pessoas vão dizer que são só um monte de códigos binários programados por um bando de japoneses, reproduzidos em milhares de pontos de luz numa tela de TV.
Até aí, um ser humano é só um punhado de carbono, água e algumas descargas elétricas.
[modo nerd filosófico desativar]
quinta-feira, 10 de julho de 2008
As coisas valem o tempo que a gente gasta nelas.
terça-feira, 8 de julho de 2008
Aerotorto
-Pois não?
-Eu queria uma passagem de avião, por favor.
-Destino, senhor?
-Eu não acredito na concepção de destino. Somente acasos e contingências me trouxeram até aqui e me levarão sabe-se lá onde.
(no final ele acabou indo pra Curitiba)
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Perdão, essa é a primeira e última vez que fiquei uma semana sem postar nada.
segunda-feira, 30 de junho de 2008
Idéia
Vou pesquisar. Se der certo, podem ter certeza que o mundo fica melhor.
sábado, 28 de junho de 2008
algumas palavras deliciosas de falar
Comboio
Mochileiro
Outubro
Campestre
Garatujo
Guaxinim
Escarola
Berinjela
Festa!
Uma de minhas favoritas é festa junina. Comida, bebida, roupas legais, fogueira, touro mecânico, músicas engraçadas e boas de dançar, quadrilha, bigode e barba e monocelha de carvão, tenta falar que nem caipira, uai.
Festa boa é aquela que a gente pode ser idiota à vontade.
quinta-feira, 26 de junho de 2008
Regra de etiqueta do Blog
E sem essa de "não saber o que falar", que é coisa de maricas.
quarta-feira, 25 de junho de 2008
domingo, 22 de junho de 2008
Filosofia de Domingo
Acho que ele inventou o domingo como um dia-reserva para cobrir eventuais imprevistos.
quarta-feira, 18 de junho de 2008
três blogs
peradagua.blogspot.com - escritos
vidrinho.blogspot.com - desenhos
hipopotamozine.blogspot.com - bem, hipopótamos.
segunda-feira, 16 de junho de 2008
Soneto do silêncio e do mistério.
E nesse banco havia molhado sentado
um homem quieto -silêncio- coitado.
Tão molhado quanto o molhado banco
o homem na chuva lia um livro -mistério- em branco.
E o homem que lia o livro sem nada escrito
(mas que homem no banco -silêncio- esquisito)
De repente olhou pro eterno estranho infinito:
Olhou pro céu e soltou -mistério- um grito!
E com o canto da boca deu uma pequena molhada risada
e foi-se enquanto chegava um poeta de palavra-espada.
E o poeta que passeava quis saber -mistério- qual era a piada.
E o poeta de palavras -espadas- não entendeu
O que o homem gritou com a força de cada pulmão.
O poeta da vida leu o livro. O poeta da palavra, não.
domingo, 15 de junho de 2008
quinta-feira, 12 de junho de 2008
Desabafo.
No fim das contas, todos queremos conforto. É fácil falar mal dos grandes utilitários e de calças que custam 600 reais. Difícil é encontrar pessoas que simplesmente recusem um golzinho básico, um celular que tire foto, um ipod e costurem suas próprias roupas (no máximo, que as comprem em brechós). É fácil falar mal dos Estados Unidos, da Coca-cola e do Mc'donalds. Difícil é recusá-los. É fácil falar mal da Globo, da Veja e do Estadão. Difícil é fugir do que eles fazem. É fácil pregar o amor livre e o fim dos preconceitos. Difícil é não ter ciúmes e não segurar a bolsa mais forte quando senta um negro pobre do seu lado no ônibus. É fácil se importar com o meio ambiente, abraçar árvore e dizer que ama a natureza. Difícil é deixar o carro na garagem, tomar banho com chuveiro desligado e dispensar aquele churrascão. É fácil defender o comunismo e a igualdade. Difícil é contribuir(financeiramente ou não) com uma Ong e ajudar um mendigo. É fácil falar mal da política, do Lula e do Brasil. Difícil é escolher um candidato e acompanhar suas ações.
É fácil falar de liberdade. Difícil é ser livre.
Pronto, falei. Agora falta terminar de fazer.
segunda-feira, 9 de junho de 2008
Pensando torto
se você é um sonho acordado,
cuidado!
Se você não sabe se está vivo ou morto,
se você não sabe para onde está indo,
bem vindo!
Você também está pensando torto.
domingo, 8 de junho de 2008
Se minha vida fosse um blockbuster...
Aula de dança
Feche o olhos, abra os ouvidos e se mexa.
É triste existirem regras para se dançar.
quarta-feira, 4 de junho de 2008
Zumbis
Moral da história: Um ataque de zumbis comedores de cérebro está cada vez mais plausível. Eu estou preparado. Você está?
PS: O primeiro filme brasileiro de zumbis está sendo feito lá em brasília, e promete ser alguma coisa. O título é "Capital dos Mortos", tem trailer no vocêtubo e o diretor é primo de um amigo de um amigo meu.
terça-feira, 3 de junho de 2008
segunda-feira, 2 de junho de 2008
Célebro ou cérebro?
Ninguém falava, por uma questão de sobrevivência.
(mas pensava)
Na infância as palavras eram mais poderosas do que hoje.
Quantos ânus você tem?
quarta-feira, 28 de maio de 2008
terça-feira, 27 de maio de 2008
Preço
Rolar na grama te deixa inteiro coçando
Beber cachaça queima a garganta e a gente faz careta.
Correr, pular, dançar, cantar te deixa cansadão e dolorido.
Ser diferente faz as pessoas te tratarem como idiota.
A vida tem um preço.
Se você acha caro, você não viveu ainda.
segunda-feira, 19 de maio de 2008
Pressa
Tô com pressa tô com pressa tô com pressa sai da frente!
É tanta coisa tanto tudo que eu me perco quase sempre!
É o trabalho a faculdade a namorada é a vida!
Não penso não respiro só corro a corrida!
Mas quem sabe sabe quem não sabe vai sabendo:
eu sou caótico confuso paradoxo por dentro!
Não consigo não entendo não moro nesse mundo!
Que vontade que desejo de me chamar Raimundo!
Mas não é solução já dizia O Anarquista
que já sabia das pedras no meio da pista!
Tô cansado já tô cheio disso tudo e mais um pouco!
Que vontade que desejo de poder ser mais um louco!
Pára o trem pára a vida com meu desejo inconseqüente!
E aí, sem ninguém esperar, o passageiro desce, observa o mundo lindo, lindo, lindo que estava passando. Sem rimas, sem jogos, sem falso lirismo, ele tira o chapéu, tira os sapatos, respira fundo e abraça a amoreira que passava, quase despercebida. Lágrimas de alívio e de amor.
Trens rasgam a terra e fazem da beleza, borrão.
Quando achar que ele anda rápido demais, desce e come umas amoras.
sexta-feira, 16 de maio de 2008
Pipas
Poucas coisas são tão ociosas, também, e isso não é coincidência.
Deve ser por isso que hoje as pessoas estão tão apressadas e estressadas e nervosas e capitalistas.
É falta de empinar pipa.
Linhas de pesca pescam -dilaceram- peixes no azul.
Linhas de pipa pescam sonhos no azul.
Eu vou pescar sonhos na praça do relógio.
Aparece por lá. Eu te empresto minha pipa, minha linha, meu coração.
Decisão
Decidi decidir minha vida;
Pensei em tudo, tudo, tudo; fiquei chato.
Quanto mais tempo se tem pra decidir alguma coisa mais complicado fica;
eu tinha a vida inteira.
Mas então, depois de meses com minha alma e corpo separados, fez-se a lâmpada:
Nunca mais vou ter nojo de nada, vergonha de nada, medo de nada.
Acredite, tem dado certo.