segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Fontes passo-a-passo: prólogo

Estou fazendo uma desintoxicação cerebral, para tentar me organizar e me entender um pouquinho melhor.

Tenham paciência.

Testamento imaterial

Não pretendo morrer nunca. Mas se eu morrer um dia, o que acho que provavelmente vai acontecer uma hora ou outra, quero ser inteiro doado. Órgãos todos pra quem precisa e corpo pra escolas de medicina, de preferência as públicas. Em hipótese nenhuma quero ser enterrado. Cremado, só se minhas cinzas não repousarem num pote. Se virar um vegetal, não hesitem por um segundo em tirar os fios, não importa as chances de eu voltar.

Saibam que vou feliz. Amei todas as pessoas intensamente. Já vi pessoas gordas e magras, altas e baixas, narizes de todos os formatos e tamanhos. Até pessoa sem nariz eu já vi. Mas nunca vi uma pessoa feia na minha vida inteira.

O que importa são as almas.

Observem mais o céu. Subam em árvores. Tenham consciência da natureza. Cresçam com ela. Conversem, se relacionem. Abraçem, beijem e façam sexo intensamente, quando der na telha, com qualquer pessoa. Esqueçam príncipes e princesas, destinos gloriosos e finais felizes. Leiam Epicuro.

Não tenham vergonha do seu corpo, nem das suas idéias.
Não tenham nojo de nada, principalmente de outras pessoas.
Não tenham medo. O mundo não dá certo por causa dele.

Pronto. Agora sou mais livre: a morte não me acorrenta.

O pensamento (re?)nasceu.

Droga.

Não volto das cinzas,
mas passei pelo fogo.

Não sou fênix.
Sou um soldado do novo mundo.
Vivo Zumbi.

Meus dentes rasgarão as tripas
fétidas
do medo, da soberba e da ignorância.