quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

CPI1518

A cultura dos Homens
me seqüestra:

Devo amar Drummond
Baudelaire Bandeira Bilac
Machado Borges Rosa.
É preciso apreciar Fellini
admirar Glauber
louvar Bergman.

E ouvir com os dois
ouvidos todas as músicas
do mundo.

Me submeto com tola humildade.

Mas a arte desse Homem
é falsa. (de plástico)
Escolho desobedecer os homens
e confiar na natureza.

Um comentário:

Unknown disse...

Poeta,
Alea jacta est. A Arte é um jogo entre persistência e movimento, entre futuro e passado, ente memória e inovação. Os maiores artistas são, invariavelmente, excelentes iconoclastas (seu blog é, ademais, pródigo em iconoclastia, em metáforas catastrofistas, em imagens e formas simbólicas de um mundo de valores prestes a erodir). Sua revolta contra Drummond, Bandeira, Borges, Glauber, Bergman, Fellini, Baudelaire (ah, Baudelaire...) é, portanto, saudável e, creio, eles próprios estariam de acordo com o que você escreveu. De meu lado, impressiona-me a efemeridade da obra humana sob o chicote do Tempo que tudo desgasta. Não consigo não amar com todo coração esses artistas de gerações extintas, os quais você alegremente troca para seguir aquilo que dita tua própria natureza. Sou, ao contrário de você, um artista reverente: preciso de mestres para me indicar o caminho. Porém dizem que são os artistas iconoclastas que mudam a face do mundo. Enfim, talvez (talvez, talvez, talvez) um de nós sobreviverá. Ou não (não esqueçamos nunca do chicote do Tempo). Alea jacta est!